quinta-feira, 2 de julho de 2009

De bigode não pode


Há alguns dias, o pai de Akaash Iqbal recebeu um telefonema que o deixou preocupado. Do outro lado da linha, um funcionário da escola onde seu filho estuda relatava um problema com o garoto. Não, o motivo não era nota baixa ou mau comportamento, mas sim – acredite - um bigode.

A escola orientou o pai a providenciar uma gilete, pois mandaria seu filho para casa para raspar o busto. “Disseram que o bigode não era parte do uniforme. A princípio pensei que era uma piada. Mas era sério”, afirmou o pai do rapaz de origem indiana.

Localizada na cidade de Manchester, no noroeste da Inglaterra, a escola é conhecida pela rigidez de suas normas. Akaash, que tem apenas 14 anos, foi informado de que só poderá voltar às aulas quando se desfizer do bigodinho. Enquanto isso, o adolescente perde o recém-iniciado período de provas.

O pai de Akaash parece não se importar tanto com as avaliações perdidas, mas sim com o bem-estar de seu filho. “Ele tem apenas 14 anos e não acho que precise começar já a estragar sua pele”, afirmou.

Casos de escolas que extrapolam os limites convencionais de atuação não são raros. Muitos diretores confundem suas competências e acabam por assumir papel de pai, interferindo – negativamente – na vida extra-escolar dos alunos.

As escolas precisam entender que, paralela à educação didática, os estudantes recebem em casa orientações mais especificas e individuais sobre como se comportar. As escolas precisam entender que bigode pode.

Por Rufino Jr.

2 comentários:

  1. Ombudsman amador: Rufino Jr., serei hoje um ombudsman ligth. Viu, além do nome de minha função, até usei de estrangeirismo! Rssssss! E, internetês também, viu ai?!
    Acontece que seu texto, entre outros, é o primeiro, ao menos dos que li até hoje, que fala de regras pedagógicas sem ser piegas e moralista ou ainda, “virando a casaca” modernista demais, liberal demais e, portanto, ainda mais moralista. Você está aprendendo, hem, meu rapaz?!
    Quanto às questões rigorosamente de ombudsman: O termo gilete, variação de Gillett (marca), é popularmente conhecido aparecendo em nossos textos (orais e escritos) como metonímia. É possível que seu texto fique bem mais, digamos, legível com o termo gilete, fazendo metonímia, do que com o termo lâmina de aço. Até pelo fato de que “lâmina de barbear” pode dar um ar tendencioso, machista ao seu texto. É óbvio, inclusive, que com a mesma lâmina pode-se depilar também, não é mesmo?! Depilar carrega uma ideia bem mais associada ao público feminino, tanto quanto barbear é associado ao público masculino. E, nesse sentido, a outra questão surge: o termo gilete carrega uma ideia vulgar (não apenas no sentido popular) que, desculpe o trocadilho, engravida seu texto de e nas entrelinhas: a bissexualidade. Aliás, seu texto começa desde a imagem, linguagem não verbal. Assim, enquanto a fotografia traz, aparentemente, uma menina de bigode, seu texto escrito flexiona o substantivo sempre no gênero masculino. Produz certo humor também. Bem, mantenha a gilete, quero dizer, o gilete, ah! Quer saber? Faça como você achar melhor.
    Questões gramaticais: Você acertou todas as palavras formadas pelo emprego do hífen, exceto extraescolar, que grafamos aglutinadamente. Como diz o Arnaldo César Coelho, a regra é clara: prefixo terminado com vogal e segundo termo iniciado com vogal diferente = sem hífen ou, como já dito, aglutinado.
    Detalhe: seria interessante você colocar aspas no período final, já que parafraseia uma personagem humorística da atriz Fabiana Karla. Aí, com as aspas, póoooode!
    Abração!
    Cristiano M. da Silva

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  2. Interessante como são as coisas. E como são os homens (sentido, humanidade). Se a escola não cobra uniforme, é moderna demais e solta demais, não ensina o aluno. Se cobra uniforme, a instituição é retrógrada e autoritária. Tentando nivelar o inivelável. Se o professor dá provas difícies e exercícios para casa, é um carrasco e não entende a individualidade do aluno. Se deixa os rebentos livres para pensar e estudarem por conta própria, é irresponsável. Não se preocupa com a evolução do ensino em sala. Se o diretor apoia o professor é alheio ao que acontece em sala e preserva apenas a sua escola. Se defende os alunos é alheio da mesma forma.

    Realmente, eu não entendo o que se espera da educação. Na verdade, o que se espera do comportamento dos educadores perante a situação do ensino. Cobra-se individualidade do aluno e pouca intervenção da escola, mas é fato que boa parte do aprendizado de uma criança e de um adolescente é adquirido nesse lugar.

    E então, fazer o quê? Admitir que é preciso conceder às regras de cada escola ou tentar que cada escola adapte-se à cada aluno? Não creio que seja possível defender todas individualidades dentro de uma escola. Aliás, esse é o melhor lugar para que o indivíduo compreenda que vive em uma sociedade organizada e que por sua vez possui regras.

    Enfim, ter bigode ou não ter bigode, eis a questão. Usar saia curta ou não? Usar batom ou não? Ir de boné ou não? Usar celular ou não? Ir sem uniforme ou não? Podem parecer absurdas as questões para alguns, mas para quem trabalha na escola, sabe-se que são inevitáveis, bem como pertinentes quando se quer trabalhar um grupo.

    E que me desculpe o pai do menino. É muita frescura não querer tirar o bigode da criança só para não estragar a pele. Vai dar outra desculpa.

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